Decomposição das taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares na população adulta: um estudo para as microrregiões brasileiras entre 1996 e 2015

Autores

  • Emerson Augusto Baptista Asian Demographic Research Institute (ADRI), Shanghai University http://orcid.org/0000-0001-7582-2736
  • Bernardo Lanza Queiroz Departamento de Demografia - UFMG
  • José Irineu Rangel Rigotti Departamento de Demografia - UFMG

DOI:

https://doi.org/10.20947/S102-3098a0050

Palavras-chave:

Decomposição, Mortalidade, Mortalidade cardiovascular, Demografia, Análise espacial, Microrregiões brasileiras,

Resumo

As mortes por doenças cardiovasculares constituem um dos mais sérios problemas de saúde, pois representam a primeira causa de morte em todo o planeta, inclusive no Brasil (algo em torno de 30% nos últimos anos). Entretanto, a mortalidade devido a essa causa não se apresenta de maneira uniforme no território brasileiro, uma vez que o país ainda possui importantes disparidades regionais resultantes das desigualdades socioeconômicas e de acesso aos sistemas de saúde. Diante disso, o objetivo deste artigo é verificar como efeitos de idade e taxas podem explicar o diferencial observado de mortes por doenças cardiovasculares na população adulta, por sexo, nas microrregiões brasileiras, no período de 1996 a 2015. Para tanto, e após a correção dos sub-registro de óbitos, foi utilizada a técnica de decomposição. Os resultados sugerem que há uma diminuição nas taxas de mortes por doenças cardiovasculares e que tanto o efeito da estrutura etária como o do nível podem ter influenciado na variação destas mortes registradas no Brasil ao longo do período analisado. Estes achados indicam que a transição epidemiológica brasileira não é uniforme entre e mesmo dentro dos próprios estados e, consequentemente, o Brasil ainda tem um extenso percurso para caminhar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Emerson Augusto Baptista, Asian Demographic Research Institute (ADRI), Shanghai University

Doutor em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG. Pós-doutorado na Brown University. Atualmente Professor e Pesquisador no Asian Demographic Research Institute (ADRI), Shanghai University.

Bernardo Lanza Queiroz, Departamento de Demografia - UFMG

PhD. em Demografia, University of California at Berkeley, EUA, 2005
Professor Adjunto do Departamento de Demografia da UFMG

José Irineu Rangel Rigotti, Departamento de Demografia - UFMG

Professor Adjunto do Departamento de Demografia da UFMG

Referências

AGOSTINHO, C. S. Estudo sobre a mortalidade adulta, para Brasil entre 1980 e 2000 e Unidades da Federação em 2000: uma aplicação dos métodos de distribuição de mortes. 2009. 243p. Tese (Doutorado em Demografia) – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009.

ARAÚJO, J. D. de. Polarização epidemiológica no Brasil. Informe Epidemiológico do SUS, Brasília, ano I, n. 2, p. 5-16, 1992.

_________. Polarização epidemiológica no Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 21, n. 4, p. 533-538, 2012.

ARRIAGA, E. E. Measuring and explaining the change in life expectancies. Demography, v. 21, n. 1, p. 83-96, 1984.

ASARIA, P. et al. Trends and inequalities in cardiovascular disease mortality across 7932 English electoral wards, 1982- 2006: Bayesian spatial analysis. International Journal of Epidemiology, v. 41, n. 6, p. 1737-1749, 2012.

BARRETO, M. L.; CARMO, E. H. Padrões de adoecimento e de morte da população brasileira: os renovados desafios para o Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 12, supl.,

p. 1179-1790, 2007.

BENNETT, N. G.; HORIUCHI, S. Estimating the completeness of death registration in a closed population. Population Studies, v. 47, n. 2, p. 207-21, 1981.

BORGES, G. M. Health transition in Brazil: regional variations and divergence/convergence in mortality. Cadernos de Saúde Pública [online], v. 33, n. 8, 2017.

BRANT, L. C. C. et al. Variations and particularities in cardiovascular disease mortality in Brazil and Brazilian states in 1990 and 2015: estimates from the Global Burden of Disease. Revista Brasileira de Epidemiologia [online], v. 20 (supl 1), p. 116-128, 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). 2011. Available at: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0205. Access at: 22 Mar. 2014.

CHEVAN, A.; SUTHERLAND, M. Revisiting Das Gupta: refinement and extension of standardization and decomposition. Demography, v. 46, n. 3, p. 429-449, 2009.

FRANÇA, E. et al. Evaluation of cause-of-death statistics for Brazil, 2002-2004. International Journal of Epidemiology, v. 37, n. 4, p. 891-901, 2008.

_________. Cause-specific mortality for 249 causes in Brazil and states during 1990–2015: a systematic analysis for the global burden of disease study 2015. Population Health Metrics,

v. 15, n. 39, 2017.

FRENK, J. et al. La transición epidemiológica en América Latina. Boletín de la Oficina Sanitaria Pan-americana, v. 111, n. 6, p. 485-496, 1991.

GODOY, M. F. de et al. Mortalidade por doenças cardiovasculares e níveis socioeconômicos na população de São José do Rio Preto, estado de São Paulo, Brasil. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 88, n. 2, p. 200-206, 2007.

GUIMARÃES, R. M. et al. Regional differences in cardiovascular mortality transition in Brazil, 1980 to 2012. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 37, n. 2, p. 83-89, 2015.

GUPTA, P. D. A general method of decomposing a difference between two rates into several components. Demography, v. 15, n. 1, p. 99-112, 1978.

HILL, K. Estimating census and death registration completeness. Asian and Pacific Population Forum, v. 1, n. 3, p. 8-13, 1987.

HILL, K.; YOU, D.; CHOI, Y. Death distribution methods for estimating adult mortality: sensitivity analysis with simulated data errors. Demographic Research, v. 21, p. 235-254, 2009.

INSTITUTE FOR HEALTH METRICS AND EVALUATION. Data Visualizations. 2015. Available at: http://www.healthdata.org/results/data-visualizations. Access at: 05 Mar. 2015.

ISHITANI, L. H. et al. Desigualdade social e mortalidade precoce por doenças cardiovasculares no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 40, n. 4, p. 684-91, 2006.

KITAGAWA, E. M. Components of a difference between two rates. Journal of the American Statistical Association, v. 50, n. 272, p. 1168-1194, 1995.

LESSA, I. Doenças crônicas não-transmissíveis no Brasil: um desafio para a complexa tarefa da vigilância. Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n. 4, p. 931-943, 2004.

LIMA, E. E. C. de; QUEIROZ, B. L.; SAWYER, D. O. Método de estimação de grau de cobertura em pequenas áreas: uma aplicação nas microrregiões mineiras. Cadernos Saúde Coletiva, v. 22, n. 4, p. 409-418, 2014.

LIMA, E. E. C. de; QUEIROZ, B. L. Evolution of the deaths registry system in Brazil: associations with changes in the mortality profile, under-registration of death counts, and ill- defined causes of death. Cadernos de Saúde Pública, v. 30, n. 8, p. 1721-1730, 2014.

LOPEZ, A. D. et al. Measuring the global burden of disease and risk factors, 1990–2001. In: LOPEZ, A. D. et al. (Ed.). Global burden of disease and risk factors. Washington (DC): The International Bank for Reconstruction and Development / The World Bank; New York: Oxford University Press; 2006. v. 1, p. 1-14.

LOTUFO, P. A. Mortalidade pela doença cerebrovascular no Brasil. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 7, n. 4, p. 387-91, 2000.

LOTUFO, P. A.; BENSEÑOR, I. M. Stroke mortality in Brazil: one example of delayed epidemiological cardiovascular transition. International Journal of Stroke, v. 4, n. 1 p. 40-41, 2009.

LOTUFO, P. A. et al. A reappraisal of stroke mortality trends in Brazil (1979-2009). International Journal of Stroke, v. 8, n. 3, p. 155-163, 2013.

LUY, M. A classification of the nature of mortality data underlying the estimates for the 2004 and 2006 United Nations’ World Population Prospects. Comparative Population Studies, v. 35, n. 2, 2010.

MANSUR, A. D. P. et al. Trends of the risk of death due to circulatory, cerebrovascular, and ischemic heart diseases in 11 Brazilian capitals from 1980 to 1998. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 79, n. 3, p. 277-284, 2002.

MANSUR, A. D. P.; FAVARATO, D. Trends in mortality rate from cardiovascular disease in Brazil, 1980-2012. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 107, n. 1, p. 20-25, 2016.

MATHERS, C. D. et al. Counting the dead and what they died from: an assessment of the global status of cause of death data. Bulletin of the Word Health Organization, v. 83, n. 3, p. 171-179,

MELO, E. C. P.; CARVALHO, M. S.; TRAVASSOS, C. Distribuição espacial da mortalidade por infarto agudo do miocárdio no Município do Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 22, n. 6, p. 1225-1236, 2006.

MURRAY, C. J. L.; LOPEZ, A. D. Estimating causes of death: new methods and global and regional applications for 1990. The global burden of disease. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1996. p. 117-200.

NOWBAR, A. N. et al. Global geographic analysis of mortality from ischaemic heart disease by country, age and income: statistics from World Health Organisation and United Nations.

International Journal of Cardiology, v. 174, n. 2, p. 293-298, 2014.

PAES, N. A. Avaliação da cobertura dos registros de óbitos dos estados brasileiros em 2000.

Revista de Saúde Pública, v. 39, n. 6, p. 882-890, 2005.

_________. Qualidade das estatísticas de óbitos por causas desconhecidas dos Estados brasileiros. Revista de Saúde Pública, v. 41, n. 3, p. 436-445, 2007.

POLLARD, J. H. Some methodological issues in the measurement of sex mortality patterns. In: LOPEZ, A. D.; RUZICKA, L. T. Sex differentials in mortality: trends, determinants and consequences. Canberra, Australia: Australian National University, 1983 (Department of Demography Miscellaneous Series, 4).

PRATA, P. R. A transição epidemiológica no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 8, n. 2, p. 168-175, 1992.

QUEIROZ, B. L. et al. Completeness of death-count coverage and adult mortality (45q15) for Brazilian states from 1980 to 2010. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 20, supl. 1, p. 21-33, 2017.

RASELLA, D. et al. Impact of primary health care on mortality from heart and cerebrovascular diseases in Brazil: a nationwide analysis of longitudinal data. BMJ, n. 349, 2014.

SÁNCHEZ, H.; PRESTON, S. A new method for attributing changes in life expectancy to various causes of death, with application to the United States. Philadelphia, PA: University of

Pennsylvania (PSC Working Paper Series, 5).

SCHRAMM, J. M. et al. Transição epidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n. 4, p. 897-908, 2004.

SOUZA, M. F. M. de et al. Epidemiologia das doenças do aparelho circulatório no Brasil: uma análise da tendência da mortalidade. Revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, v. 16, n. 1, p. 48-62, 2006.

_________. Análise de séries temporais da mortalidade por doenças isquêmicas do coração e cerebrovasculares, nas cinco regiões do Brasil, no período de 1981 a 2001. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 87, n. 6, p. 735-40, 2006.

TIMAEUS, I. M. Measurement of adult mortality in less developed countries: a comparative review. Population Index, n. 57, p. 552-568, 1991.

VAUPEL, J. W. et al. Decomposing demographic change into direct vs. compositional components. Demographic Research, v. 7, n. 1, p. 1-14, 2002.

VAUPEL, J. W.; ROMO, V. C. Decomposing change in life expectancy: A bouquet of formulas in honor of Nathan Keyfitz’s 90th birthday. Demography, v. 40, n. 2, p. 201-216, 2003.

Downloads

Publicado

2018-05-16

Como Citar

Baptista, E. A., Queiroz, B. L., & Rigotti, J. I. R. (2018). Decomposição das taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares na população adulta: um estudo para as microrregiões brasileiras entre 1996 e 2015. Revista Brasileira De Estudos De População, 35(2), 1–20. https://doi.org/10.20947/S102-3098a0050

Edição

Seção

Artigos originais