Prioridade para futuras vacinações contra a Covid-19 no Brasil: os usuários de transporte público devem ser um grupo-alvo?

Autores

  • Douglas Sathler Faculdade Interdisciplinar de Humanidades (FIH), Centro de Geociências (Cegeo), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Diamantina-MG, Brasil https://orcid.org/0000-0002-1547-5522
  • Guilherme Leiva Departamento de Engenharia de Transportes (DET), Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), Belo Horizonte-MG, Brasil http://orcid.org/0000-0002-9228-1908

DOI:

https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0163

Palavras-chave:

Vacina, Covid-19, Transporte público, Grupo-alvo

Resumo

Considerando o recente surgimento de vacinas eficazes contra a Covid-19 e os escassos recursos para atender imediatamente à maior parte da população mundial, as sociedades precisam definir a ordem em que os grupos de cidadãos terão acesso às novas vacinas. As campanhas de vacinação devem priorizar a imunização de indivíduos vulneráveis e encarregados de ajudar outras pessoas, reduzindo as perdas humanas e minimizando os danos sociais e econômicos. No Brasil, os usuários de transporte público nas grandes cidades apresentam altos níveis de vulnerabilidade, diante de fatores relacionados à configuração espacial, à organização dos sistemas de transporte e ao alto percentual de pessoas de baixo nível socioeconômico em grandes periferias que dependem exclusivamente do transporte público para acesso a empregos e serviços básicos. A imunização dos usuários do transporte público pode produzir efeitos práticos relevantes no combate à Covid-19 no Brasil, tais como economia de recursos públicos, redução do número de óbitos e maior eficiência no controle setorizado da doença nas cidades. Portanto, sugerimos que os formuladores de políticas devem considerar os usuários frequentes de transporte público das grandes cidades brasileiras como um grupo-alvo nas campanhas de vacinação, dando a esse grupo um certo nível de prioridade com base em um mapeamento de risco adequado em nível local.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Douglas Sathler, Faculdade Interdisciplinar de Humanidades (FIH), Centro de Geociências (Cegeo), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Diamantina-MG, Brasil

Douglas Sathler é doutor em Demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e geógrafo pela UFMG. Professor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

Guilherme Leiva, Departamento de Engenharia de Transportes (DET), Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), Belo Horizonte-MG, Brasil

Guilherme de Castro Leiva é doutor em Demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG e arquiteto e urbanista pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG).

Referências

ALVARENGA PEREIRA COSTA, S. de; TEIXEIRA, M. C. V. The study of urban form in Brazil. Urban Morphology, v. 18, n. 2, p. 119-127, 2014.

ANTP – Associação Nacional de Transportes Públicos. Sistema de Informações da Mobilidade Urbana da Associação Nacional de Transportes Público – SIMOB/ANTP. Relatório geral 2018. São Paulo, 2020. Disponível em: http://files.antp.org.br/simob/sistema-de-informacoes-da-mobilidade--simob--2018.pdf Acesso: 12 mar. 2021.

BADR, H. S. et al. Association between mobility patterns and COVID-19 transmission in the USA: a mathematical modelling study. The Lancet Infectious Diseases, v. 20, n. 11, p. 1247-1257, 2020.

BARCELOS, M. M.; BLANK, C. Transporte coletivo e transmissão da Covid-19: o que dizem os estudos. WRI Brasil, 1 out. 2020. Disponível em: https://wribrasil.org.br/pt/blog/transporte-coletivo-e-transmissao-da-covid-19-o-que-dizemosestudos Acesso em: 23 mar. 2021.

BAZANI, A. Ônibus tem atraído mais passageiros que metrô em Nova Iorque e é visto como solução na retomada em meio à pandemia. Portal Diário do Transporte, 12 jul. 2020. Disponível em: https://diariodotransporte.com.br/2020/07/12/onibustematraido-mais-passageiros-que-metro-em-nova-iorque-e-e-visto-como-solucao-naretomada-em-meio-a-pandemia/ Acesso em: 23 mar. 2021

BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Brasília, 2021. Disponível em: https://coronavirus.saude.gov.br/boletins-epidemiologicos

COLOMBO, S. et al. O impacto da pandemia do Covid-19 no transporte coletivo no município de Cuiabá – Mato Grosso. In: XVII CONGRESSO RIO DE TRANSPORTES. Anais [...]. Rio de Janeiro, 2020.

DIAS, R. Especialistas criticam pontos do plano nacional de vacinação do governo. Estado de Minas, 16/12/2020.

ECDC − European Centre for Disease Prevention and Control. Considerations for infection prevention and control measures on public transport in the context of COVID-19. Stockholm, 2020. Disponível em: https://www.ecdc.europa.eu/sites/default/files/documents/COVID-19-public-transport-29-April-2020.pdf

FERRAZ, A. C. C. P.; TORRES, I. G. E. Transporte público urbano. São Carlos: Rima, 2004.

HARRIS, J. The subways seeded the massive coronavirus epidemic in New York City. Cambridge: National Bureau of Economic Research, 2020 (NBER Working Paper, n. 27021).

HU, M. et al. The risk of COVID-19 transmission in train passengers: na epidemiological and modelling study. Clinical Infectious Diseases, v. 72, n. 4, p. 604-610, 2021. Doi:10.1093/cid/ciaa1057/5877944.

IBGE − Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico do Brasil 2010. Rio de Janeiro, 2011.

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS). Mobilidade urbana. Brasília, 2012. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=24443&catid=120&Itemid=2. Acesso: 12 mar. 2021.

LEIVA, G. et al. Transport and land use: public transport stragies to make cities more resilient to COVID-19. 2020.

LEIVA, G.; SATHLER, D.; ORRICO FILHO, R. Estrutura urbana e mobilidade populacional: implicações para o distanciamento social e disseminação da Covid-19. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 37, 2020.

LIBÂNIO, C. de A. O fim das favelas? Planejamento, participação e remoção de famílias em Belo Horizonte. Cadernos Metrópole, v. 18, n. 37, p. 765-784, 2016.

MARX, R.; MAGALHÃES, P. S. de; LARA, F. F. de. Low-cost bus business models and the case of Brazil. Revista de Gestão, v. 27, n. 1, p. 100-115, 2019.

MATEUS, A. L. P. et al. Effectiveness of travel restrictions in the rapid containment of human influenza: a systematic review. Bulletin of the World Health Organization, v. 92, p. 868-880D, 2014. DOI: 10.2471/BLT.14.135590.

MENDENHALL, E. et al. Non-communicable disease syndemics: poverty, depression, and diabetes among low-income populations. The Lancet, v. 389, n. 10072, p. 951-963, 2017.

MENÉNDEZ, M. et al. Is precarious employment more damaging to women’s health than men’s? Social Science and Medicine, v. 64, n. 4, p. 776-781, 2007.

PARDO, C. F. et al. COVID-19 and public transport: an overview and recommendations applicable to Latin America. Infectio, v. 25, n. 3, p. 182-188, 2021.

PATEL, J. A. et al. Poverty, inequality and COVID-19: the forgotten vulnerable. Public Health, v. 183, p. 110-111, January 2020.

PEREIRA, R. H. M. et al. Desigualdades socioespaciais de acesso a oportunidades nas cidades brasileiras − 2019. Brasília: Ipea, 2020. (Texto para Discussão, 2535).

PULLANO, G. et al. Population mobility reductions during COVID-19 epidemic in France under lockdown. medRxiv, June 2020.

RODRIGUES, A. Mortes por covid-19 têm mais relação com autônomos, donas de casa e transporte público. Valor Econômico, 09/08/2020.

SÁNCHEZ-PÁRAMO, C. COVID-19 will hit the poor hardest. Here’s what we can do about it. World Bank Blogs, April 23, 2020.

SAO PAULO (Município). Inquérito sorológico para Sars-COV-2. Fase 4. São Paulo, 2020.

SILVA, C. F. A. da et al. Análise da correlação espacial entre os usuários de sistemas de transporte público e os casos de Covid-19: um estudo de caso para Recife (PE). Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, v. 16, n. 4, dez. 2020. Disponível em: https://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/view/5989. Acesso em: 24 fev. 2021.

THANH LE, T. et al. The COVID-19 vaccine development landscape. Nature Reviews. Drug Discovery, v. 19, n. 5, p. 305-306, 2020.

TIMMERMANN, C. Epistemic ignorance, poverty and the COVID-19 pandemic. Asian Bioethics Review, v. 12, p. 519-527, 2020.

TIRACHINI, A.; CATS, O. COVID-19 and public transportation: current assessment, prospects, and research needs. Journal of Public Transportation, v. 22, n. 1, 2020. DOI: https://doi.org/10.5038/2375-0901.22.1.1. Disponível em: https://scholarcommons.usf.edu/jpt/vol22/iss1/1.

WHO − World Health Orzanization. Coronavirus disease (COVID-2019) situation reports. [s.l], 2020. Disponível em: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019/situation-reports

XAVIER, B. O. Transporte público por ônibus no Brasil e a Covid-19: rumo ao colapso dos sistemas? In: CONGRESSO DE PESQUISA E ENSINO EM TRANSPORTES. 34. Anais [...]. Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes, 2020. p. 282-293.

ZHENG, R.; XU, Y.; WANG, W.; NING, G.; BI, Y. Spatial transmission of COVID-19 via public and private transportation in China. Travel Medicine and Infectious Disease, Mar. 2020. DOI: 10.1016/j.tmaid.2020.101626.

Publicado

2021-07-26

Como Citar

Sathler, D., & Leiva, G. . (2021). Prioridade para futuras vacinações contra a Covid-19 no Brasil: os usuários de transporte público devem ser um grupo-alvo?. Revista Brasileira De Estudos De População, 38, 1–12. https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0163

Edição

Seção

Nota técnica