O impacto da mortalidade por causas externas na esperança de vida nos municípios produtores de petróleo da Bacia de Campos/RJ
DOI:
https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0248Palavras-chave:
Mortalidade, Causas externas, Tábuas de múltiplos decrementos, Arranjos populacionais, Rio de Janeiro colonial-tardioResumo
O crescimento da mortalidade por causas externas no Brasil tem se tornado objeto de preocupação entre pesquisadores e formuladores de políticas públicas nos últimos anos. No âmbito dos municípios produtores de petróleo da Bacia de Campos/RJ, embora muito se conheça sobre os padrões migratórios nesta região que é considerada um aspecto relevante da urbanização brasileira, as informações sobre os demais componentes da dinâmica demográfica ainda são escassas. Este estudo amplia a discussão sobre as disparidades de saúde na região, investigando o impacto da mortalidade por causas externas na expectativa de vida da população entre os períodos 2010-2014 e 2015-2019. Utilizando dados de óbitos e estimativas populacionais, foram construídas tabelas de múltiplo decremento para avaliar o ganho na expectativa de vida se a mortalidade por causas externas fosse excluída do risco de óbito e como esses ganhos diferem entre homens e mulheres. Também avaliaram-se cenários distintos de redução da mortalidade por homicídios e acidentes de trânsito, as duas principais causas de morte do grupo de causas externas. Os resultados revelam ganhos médios substanciais de expectativa de vida para ambos os sexos, especialmente para os homens. As simulações realizadas mostraram que a redução da mortalidade por acidentes de trânsito e homicídios pode trazer ganhos importantes para a população, destacando a relevância de investir em políticas públicas que combatam as causas externas de mortalidade em uma região marcada por desigualdades sociais e econômicas.
Downloads
Referências
AIDAR, T. O impacto das causas violentas no perfil de mortalidade da população residente no município de Campinas: 1980 a 2000. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 20, n. 2, p. 281-302, 2003. Disponível em: https://www.rebep.org.br/revista/article/view/297 Acesso em: 3 maio 2023.
ANDRADE, P.; AIDAR, T. Identificação das etapas do processo de transição epidemiológica a partir de agrupamentos fuzzy: uma aplicação para a população do sexo feminino residente na região Sudeste brasileira em 2010. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 20. Anais [...]. Foz do Iguaçu: Abep, 2016.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Saúde Brasil 2018. Uma análise da situação de saúde e das doenças e agravos crônicos: desafios e perspectivas. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
CARDONA, D.; PELÁEZ, E.; AIDAR, T.; RIBOTTA, B.; ALVAREZ, M. F. Mortalidad por causas externas en tres ciudades latinoamericanas: Córdoba (Argentina), Campinas (Brasil) y Medellín (Colombia), 1980-2005. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 25, n. 2, p. 335-352, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-30982008000200009 Acesso em: 2 maio 2023.
CARVALHO, J. A. M. de; SAWYER, D. O.; RODRIGUES, R. do N. Introdução a alguns conceitos básicos e medidas em demografia. 2. ed. São Paulo: Abep, 1998.
CHESNAIS, J. Les morts violentes dans le monde. Population & Sociétés, n. 395, nov. 2003.
CUTLER, D.; DEATON, A.; LLERAS-MUNEY, A. The determinants of mortality. Journal of Economic Perspectives, v. 20, n. 3, p. 97-120, 2006.
DA SILVA, M. G. Industrialização, migração e reflexos da violência na cidade da Serra, Espírito Santo. Revista do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, v. 1, n. 1, p. 159-177, 2017.
DIAS-JÚNIOR, C. O impacto da mortalidade por causas externas e dos homicídios na expectativa de vida: uma análise comparativa entre cinco regiões metropolitanas do Brasil. In: CONGRESSO PORTUGUÊS DE DEMOGRAFIA, 2. Anais [...]. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
DUARTE C. D.; SCHNEIDER, M. C.; PAES-SOUSA, R.; SILVA, J. B.; CASTILLO-SALGADO, C. Expectativa de vida ao nascer e mortalidade no Brasil em 1999: análise exploratória dos diferenciais regionais. Revista Panamericana de Salud Publica, v. 12, n. 6, p. 436-444, 2002.
GONZAGA, M.; SCHMERTMANN, C. Estimativa de taxas de mortalidade por idade e sexo para pequenas áreas com regressão de TOPALS: uma aplicação para o Brasil em 2010. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 33, n. 3, p. 629-652, 2016. Disponível em: https://rebep.emnuvens.com.br/revista/article/view/779 Acesso em: 19 jan. 2023.
GRUPO DE FOZ. Métodos demográficos: uma visão desde os países de língua portuguesa. São Paulo: Blucher, 2021.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Arranjos populacionais e concentrações urbanas no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, Coordenação de Geografia, 2016. Disponível em: www.ibge.gov.br/apps/arranjos_populacionais/2015/pdf/publicacao.pdf Acesso em 27 ago. 2022.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Esperança de vida ao nascer e taxa de mortalidade infantil, por sexo. Rio de Janeiro, 2020. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/7362#resultado Acesso em: 23 ago. 2023.
MARQUES, S.; SOUZA, A.; VAZ, A.; PELEGRINI, A.; LINCH, G. Mortalidade por causas externas no Brasil de 2004 a 2013. Revista Baiana de Saúde Pública, v. 41, n. 2, p. 394-409, 2017.
MESLE, F.; VALLIN, J. Historical trends in mortality. In: ROGERS, R.; CRIMMS, E. (Ed.). International handbook of adult mortality. Dordrecht: Springer, 2011. (International Handbooks of Population, v. 2).
MESSIAS, M.; BANDEIRA, J.; LOPES, A.; SILVA, L.; CURADO, P. Mortalidade por causas externas: revisão dos dados do Sistema de Informação de Mortalidade. Revista da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, v. 16, n. 4, p. 218-221, 2018.
MODESTO, J.; ALVES, A.; SANTOS, L.; ARCHANJO, C.; ARAÚJO, G. Fatores que influenciam na mortalidade de jovens por causas externas no Brasil: uma revisão de literatura. Multidebates, v. 3, n. 2, p. 137-155, 2019.
MORAES, M. X. O impacto da mortalidade por causas externas na esperança de vida dos municípios produtores de petróleo da Bacia de Campos/RJ. Dissertação (Mestrado em Políticas Sociais) − Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes, RJ, 2023.
MOURA, E. C. de; GOMES, R.; FALCÃO, M. T. C.; SCHWARZ, E.; NEVES, A. C. M. das; SANTOS, W. Gender inequalities in external cause mortality in Brazil, 2010. Ciência & Saúde Coletiva, v. 20, n. 3, p. 779-788, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232015203.11172014 Acesso em: 3 maio 2023.
MOURA, E. C. de et al. Mortality in Brazil according to gender perspective, years 2000 and 2010. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 19, n. 2, p. 326-338, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1980-5497201600020010 Acesso em: 3 maio 2023.
NADANOVSKY, P.; SANTOS, A. P. P. dos. Mortes por causas externas no Brasil: previsões para as próximas duas décadas. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2021.
NAZARETH, P. A. Rendas petrolíferas: tempos incertos para os municípios do estado do Rio de Janeiro. In: PIQUET, R. (Org.). Norte Fluminense: uma região petrodependente. Rio de Janeiro: Telha, 2021.
NAZIF-MUÑOZ, J. I. et al. Explaining Chile’s traffic fatality and injury reduction for 2000-2012. Traffic Injury Prevention, v. 15, suppl. 1, p. S56-S63, 2014. DOI: 10.1080/15389588.2014.939270.
NUNES, J. Transição demográfica e transição epidemiológica no Brasil: uma análise sobre os perfis de estrutura etária e de mortalidade nas unidades federativas no país em 2015. Dissertação (Mestrado em Economia) − Universidade Federal de Alfenas, Varginha, MG, 2021.
PASSARELLI-ARAUJO, H.; SOUZA, J. Movimentos pendulares e integração regional no leste fluminense. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 37, p. 1-23, 2020.
PASSARELLI-ARAUJO, H.; SOUZA, J.; TERRA, D. C. T. Migrações internas e mobilidade pendular: uma análise sobre os processos recentes de crescimento populacional e integração regional no leste fluminense. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 13, 2021.
PIQUET, R. Norte Fluminense: mudanças e incertezas na era do petróleo. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE DESENVOLVIMENTO REGIONAL, 2. Anais [...]. Rio Grande do Sul, 2003.
PREIS, L.; LESSA, G.; TOURINHO, F.; SANTOS, J. Epidemiologia da mortalidade por causas externas no período de 2004 a 2013. Revista de Enfermagem UFPE, v. 12, n. 3, p. 716-728, 2018.
PRESTON, S.; HEUVELINE, P.; GUILLOT, M. Demography: measuring and modeling population process. 1. ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2001.
QUEIROZ, B.; LIMA, E; FREIRE, F.; GONZAGA, M. Temporal and spatial trends of adult mortality in small areas of Brazil, 1980-2010. Genus, v. 76, n. 3, p. 716-728, 2020. https://doi.org/10.1186/s41118-020-00105-3
QUEIROZ, B.; SAWER, D. O que os dados de mortalidade do Censo de 2010 podem nos dizer? Revista Brasileira de Estudos de População, v. 29, n. 2, p. 225-238, 2012.
RAMIRES, J.; SANTOS, M. Mortalidade por causas externas em Uberlândia (MG) de 1980 a 2000. Hygeia − Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, v. 2, n. 2, p. 15-26, 2006.
SHRYOCK, H; SIEGEL J. The methods and materials of demography. In: STOCKWELL, E. G. Studies in population. Condensed edition. San Diego, CA: Academic Press, 1976.
SIEGEL, J.; SWANSON, D. The methods and materials of demography. 2. ed. California: Elsevier Academic Press, 2004.
SILVA, O. O processo de integração urbana em discussão: o papel dos deslocamentos pendulares na conformação de uma aglomeração urbana não-metropolitana. Espaço e Economia. Revista Brasileira de Geografia Econômica, n. 16, 2019.
SILVA, S.; LIMA, B.; BARBOSA, D.; LIMA, M.; BANDEIRA, T.; SANTOS, I.; SILVA, A.; SIMONETI, R. Óbitos por causas externas no Brasil: um estudo ecológico temporal de 2014 a 2018. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 7, p. 67049-67059, 2021.
SIMÕES, C. Perfis de saúde e de mortalidade no Brasil: uma análise de seus condicionantes em grupos populacionais específicos. 1. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2002.
SOARES FILHO, A. M.; CORTEZ-ESCALANTE, J. J.; FRANÇA, E. Revisão dos métodos de correção de óbitos e dimensões de qualidade da causa básica por acidentes e violências no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 21, n. 12, p. 3803-3818, dez. 2016.
SOARES, G. A. D. Não matarás: desenvolvimento, desigualdade e homicídios. São Paulo: Editora FGV, 2008.
SOARES, R. On the determinants of mortality reductions in the developing world. Population and Development Review, v. 33, p. 247-287, 2007.
SOUZA, J.; FRUTUOZO, J. Rio de Janeiro: considerações sobre os processos de expansão urbana e interiorização do crescimento (1980-2010). urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, v. 10, p. 124-139, 2018.
SOUZA, J.; TERRA, D. C. T. Migrações pendularidades e mercado de trabalho no segmento upstream da indústria do petróleo na Bacia de Campos. Eure, v. 46, n. 137, p. 157-180, 2020.
SOUZA, J.; AZEVEDO, N. L.; AZEVEDO, P. H. B.; PAULA, S. M. D. O grau de transparência ativa, passiva e global nos municípios produtores de petróleo da Bacia de Campos/RJ-2021. Gestão & Planejamento, v. 23, n. 1, 2022.
SOUZA, L. G.; SIVIERO, P. C. L. Diferenciais por sexo na mortalidade evitável e ganhos potenciais de esperança de vida em São Paulo, SP: um estudo transversal entre 2014 e 2016. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 29, n. 3, e2018451, 2020. DOI: 10.5123/S1679-49742020000300004.
TEIXEIRA, V. Dispersão e extensão urbana no município de Araruama: uma análise da implantação de loteamentos residenciais voltados à atividade turística. Cadernos do Desenvolvimento Fluminense, v. 23, p. 36, 2015.
TERRA, D. C. T.; AZEVEDO, N. L. de. Limites e possibilidades da construção de arranjos político--institucionais de cooperação intermunicipal na Bacia de Campos. In: SILVA, S. R. de A. E.; CARVALHO, M. R. de (Ed.). Macaé, do caos ao conhecimento: olhares acadêmicos sobre o cenário de crise econômica. 1. ed. Macaé: Prefeitura Municipal de Macaé, 2019. p. 459-502.
WACHTER, K. W. Essential demographic methods. Harvard University Press, 2014.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista Brasileira de Estudos de População
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os artigos publicados na Rebep são originais e protegidos sob a licença Creative Commons do tipo atribuição (CC-BY). Essa licença permite reutilizar as publicações na íntegra ou parcialmente para qualquer propósito, de forma gratuita, mesmo para fins comerciais. Qualquer pessoa ou instituição pode copiar, distribuir ou reutilizar o conteúdo, desde que o autor e a fonte original sejam propriamente mencionados.