MOBILIDADE E OCUPAÇÃO DA POPULAÇÃO IDOSA NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE/MG

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0291

Palavras-chave:

Mobilidade Espacial, População Idosa, Pendularidade

Resumo

Nas últimas décadas, dado o avanço do processo de transição demográfica, o país tem experimentado um expressivo crescimento da população idosa, o que impõe uma série de desafios ao planejamento e gestão territorial. Diante desse contexto, busca-se avaliar a hipótese que, dado o processo de envelhecimento da população brasileira, tem havido um aumento absoluto e relativo da mobilidade laboral dos idosos, incluindo daqueles já aposentados, resultado, em boa medida, das alterações no mercado de trabalho e no sistema previdenciário. O objetivo principal deste trabalho envolve a análise da magnitude da mobilidade pendular da população idosa na Região Metropolitana de Belo Horizonte, bem como as ocupações e a participação dos aposentados nesses fluxos. Para tanto, foram utilizadas as bases de microdados dos censos demográficos de 2000 e 2010, cuja matriz de origem e destino foi identificada com base no município de residência, trabalho e/ou estudo da população idosa, discriminada em ocupados e/ou aposentados. Em geral, os resultados sugerem significativa e crescente participação da pendularidade dos idosos residentes nos municípios da região, bem como uma elevada proporção de ocupados, inclusive de aposentados. Neste último caso a proporção de idosos aposentados entre os pendulares atinge quase 30%. Em alguns municípios supera metade dos idosos pendulares.

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Biografia do Autor

Carlos Lobo, IGC/UFMG

Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais e Pós-Doutor em Demografia pelo NEPO/UNICAMP. Atual Diretor do Instituto de Geociências da UFMG (Gestão 2022-2026). Professor Associado do Departamento de Geografia do IGC/UFMG. Credenciado nos Programas de Pós-Graduação em Geografia e em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais, ambos do IGC/UFMG, além do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFSJ. Líder do grupo de pesquisa intitulado Acessibilidade e Mobilidade Urbana, reconhecido pela UFMG e cadastrado no CNPq. Foi Coordenador do Programa de Pós-graduação em Geografia do Instituto de Geociências da UFMG (2019-2022) e Chefe do Departamento de Geografia da Universidade Federal de Minas Gerais (2015-2016), editor-chefe da Revista Geografias/UFMG e pesquisador bolsista FAPEMIG. Atua preferencialmente na subárea de Geografia da População e Geografia dos Transportes, especialmente nas linhas de pesquisa migrações e mobilidade espacial da população, incluindo a utilização de métodos quantitativos aplicados a análise regional.

Ricardo Alexandrino Garcia, UFMG

Professor associado do departamento de Geografia do Instituto de Geociências (IGC) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) possui uma trajetória notável no campo acadêmico. Desde 2010, ele tem liderado com excelência o Laboratório de Estudos Territoriais (LESTE/IGC/UFMG), demonstrando seu compromisso com a pesquisa e o ensino de alta qualidade; desempenhou papéis de destaque ao longo de sua carreira, tais como coordenador do Programa de Pós-graduação em Geografia (UFMG), tanto no período entre 2015 e 2019, quanto atualmente. Estendeu sua influência ao programa de Pós-graduação em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais (UFMG), onde exerceu a função de subcoordenador em dois mandatos: de 2013 a 2015 e novamente de 2022 a 2023. Sua dedicação à área administrativa é evidenciada por seu papel como sub-chefe do departamento de Geografia no biênio 2014-2015 e como diretor do prestigioso Instituto Casa da Glória (Eschwege) de 2010 a 2013, todas essas posições vinculadas ao IGC/UFMG. Exerce considerável dedicação como editor chefe do periódico Cadernos do Leste (1679-5806) e editor da revista Geografias (1808-8058), reforçando seu comprometimento com a disseminação do conhecimento científico. Com uma formação sólida que inclui mestrado (2000) e doutorado (2002) em Demografia pela UFMG, além de graduação em Psicologia (1995) pela USP e pós-doutorado em Geografia (2009) pela UFMG, é um especialista versátil. Sua expertise abrange diversas áreas, como geografia regional, métodos de análise regional, desenvolvimento econômico, geografia aplicada, distribuição espacial das atividades econômicas, regionalização, teoria e métodos quantitativos, modelos estocásticos, multivariados e espaciais, modelagem de sistemas, geoprocessamento e modelos espacialmente explícitos, projeção populacional e distribuição espacial da população, movimentos populacionais e migração. É o líder do grupo de pesquisa em Geografia Aplicada (CNPq) e tem atuado na orientação e publicação de diversos trabalhos acadêmicos nas áreas da Geografia Econômica, Geografia da Saúde, Planejamento Urbano e Regional, Ciências Ambientais e Demografia. 

Rodrigo Nunes Ferreira, UFMG

Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Desenvolve e participa de pesquisas na área de Geografia, com ênfase em Organização e Produção do Espaço, atuando principalmente nos seguintes temas: migração, inserção ocupacional, indicadores sociais e desigualdades intraurbanas. Atualmente coordena equipe técnica multidisciplinar da Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Belo Horizonte, em atividades de cálculo e acompanhamento de indicadores para monitoramento de políticas públicas municipais, em especial os indicadores de monitoramento local dos Marcos Globais de Desenvolvimento. Tendo coordenado as atividades de desenvolvimento e cálculo de diversos indicadores e índices para o município de Belo Horizonte, tais como o Índice de Qualidade de Vida Urbana de Belo Horizonte (IQVU-BH) e o Índice de Vulnerabilidade Juvenil de Belo Horzonte (IVJ-BH).

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Publicado

2025-06-06

Como Citar

Lobo, C., Garcia, R. A., & Ferreira, R. N. (2025). MOBILIDADE E OCUPAÇÃO DA POPULAÇÃO IDOSA NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE/MG. Revista Brasileira De Estudos De População, 42. https://doi.org/10.20947/S0102-3098a0291

Edição

Seção

Artigos originais